Em seu primeiro discurso como presidente afastada, na manhã desta quinta-feira, Dilma Rousseff afirmou que o processo de impeachment é "fraudulento" e um "verdadeiro golpe".
Aplaudida diversas vezes durante sua fala no Palácio do Planalto, a petista disse que o que está em jogo no processo é "o respeito às urnas, a vontade soberana do povo brasileiro e a Constituição".
Michel Temer já foi oficialmente notificado e se torna o presidente interino do país.
O senador Vicentinho Alves (PR-TO), primeiro-secretário do Senado, disse que teve um "encontro respeitoso" com o novo presidente interino ao entregar-lhe a notificação da troca de comando interino. "Ele já pode tomar posse", afirmou.
É esperado para esta tarde o anuncio oficial de quem chefiará seus ministérios.
Ainda em seu discurso de saída do Planalto, Dilma afirmou que não cometeu crime de responsabilidade e se disse alvo de injustiças.
"É um processo frágil, juridicamente incompetente, é a maior das brutalidades que pode ser cometida contra qualquer ser humano: puni-lo por um crime que não cometeu. Não existe injustiça mais devastadora do que condenar um inocente."
A presidente afastada afirmou também que o processo partiu de uma oposição "inconformada" com o resultado das eleições e que passou a "conspirar abertamente" pelo seu afastamento.
"Tenho sido alvo de intensa e incessante sabotagem. O objetivo evidente tem sido me impedir de governar."
E acrescentou que o maior risco para o país é ser dirigido por um governo "sem voto, que não tem legitimidade".
Apesar de se referir ao processo como um dos "desafios" mais dolorosos que já enfrentou, ao lado da tortura e do câncer, Dilma disse que "vai lutar com todos os instrumentos legais" para exercer seu mandato até o fim.
"A população saberá dizer não ao golpe. Aos brasileiros que são contra o golpe, faço um chamado: mantenham-se mobilizados, unidos e em paz. A luta para democracia não tem data para terminar. E nós vamos vencer."
Enquanto falava, Dilma foi cercada por senadores e deputados aliados, ex-ministros e ministros, como Aloizio Mercadante (Educação) e Izabella Teixeira (Meio Ambiente), a maioria com peças de roupa vermelhas.
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